sábado, 28 de agosto de 2010

Minha vida.





Era uma quinta-feira. Tudo ia muito bem, um dia de sol radiante, flores no campo, sorriso no rosto... As coisas todas em seus devidos lugares, espaços e posições. Tinha deixado em casa os meus pais no sofá, discutindo a relação, mas nem isso teria me abalado, eu realmente acordei bem, feliz.
Ao chegar no trabalho, procurei os meus companheiros, e não os encontrei, talvez não tivesse ido trabalhar, percebi que todo mundo me olhava como se eu fosse uma outra pessoa, uma estranha. Com certeza teria sido porque a muito tempo eu não tinha estado tão feliz como naquele dia. Mesmo com todos os problemas que vinham acontecendo, consegui superar a todos e sorrir.
Mas ainda assim, tudo parecia estranho, as mesas estavam cheias como nunca, todas as pessoas vestidas de preto e branco. Eu olhava para os lados e as coisas estavam estáticas e ao mesmo tempo em movimento, isso não era coisa da minha cabeça. Parecia que o mundo tinha parado pra me assistir.
Não conseguia falar com ninguem, as estantes estavam empoeiradas e apenas os livros de romance estavam intactos, brilhando de tanta limpeza. Não sei explicar que sentimento era aquele que estava no meu coração, com tantas diferenças eu não sabia o que pensar. De repente, tropecei numa pedra, mas era uma pedra diferente, fosca, sem cor, .. uma pedra que não poderia estar ali, sozinha, era uma presença estranha. Fiquei a me perguntar de onde ela poderia ter vindo, mas não obtive uma resposta, e então voltei a observar o que estava ao meu redor..
Em meio a esses olhares críticos e curiosos, lá vem ele, com os olhos brilhando, com uma camisa vermelha e preta, aquela que a muito tempo eu não via. Com isso, tudo ficou ainda mais parado, eramos nós, so eu e ele em meio aquela multidão que nos olhava como se fossemos o centro de tudo, como se eles fossem uma platéia que nos assistia, ele andava devagar, porem com passos largos, não olhava para os lados, só pra mim que estava na sua direção, pra mim tudo aquilo era um sonho, não umaginava que isso fosse aconetcer nunca, mas parecia que a cada passo que ele dava, ficávamos mais distantes. Eu olhava para os lados, e sentia que uma grande torcida desejava a nossa felicidade, até porque, depois de tantas brigas, intrigas, decepções, tudo parecia dar certo. Mas eu não conseguia me mover, me aproximar. Nesse momento, a pedra tinha sumido. Mas quem a tirou dali? Não sei, talvez ela tivesse vida, e estivesse ali apenas para me prestigiar, mas pelo seu tamanho eu não consegui percebê-la e acabei tropeçando. Quantas pessoas, assim como a pedra pequena, simples e fosca  não foram percebidas, não?
É, perto dele não cabia a mim, questionar sobre a pedra. Estavamos então, eu e ele, a quilometros de distancia, eu só via um ponto preto e vermelho naquele mundo preto e branco. Tentava me movimentar, correr, alcançar .. mas não conseguia. E então eu percebi que ele estava voltando para tras. Mas ele? Logo ele que em tantos momentos me pediu para lutar pelos meus sonhos, para não desistir, pra agarrar com todas as forças as minhas oportunidades? Logo ele? Não, eu não posso acreditar, ele desistiu de tudo ! Era ele quem eu mais desejava em todos os momentos. Não sei mais como agir, com todos a espera do nosso encontro, do nosso abraço apertado, daquele beijo que a tanto tempo não acontecia.. Foi muito humilhante e muito mais, sofredor.
Sem ter o que fazer, peguei um livro na estante, não olhei o nome. Sei que tinha a capa rosada, com umas imagens coloridas, parecia muito alegre por fora, mas dentro, as páginas eram cinzas, com imagens também nessa escala monocromática, que realmente não tinha vida. Com isso, refleti um pouco sobre a minha vida, e percebi que eu não era o melhor pra ele, e  que ele sim era o meu sonho, mas muitas vezes na vida a gente tem que chorar para ver os nossos amores sorrindo, e se ele se arrependeu de todos os nossos objetivos, de tudo o que tinhamos vivido até ali, foi porque realmente não tinhamos que ficar juntos. Meu medo agora é do sofrimento que me espera, tudo jogado fora, tantos sonhos, tantos planos de amor .. chorar agora é o que me resta, e lembrar dos momentos bons  que passamos juntos.
Fechei o livro, tinha um cheiro de coisa velha, e quando eu olhei para os lados, tudo tinha voltado ao normal, a estante estava limpa, as pessoas já nao me olhavam mais como antes, agora eles tinham pena de mim, aquela menina que sempre foi avisada de um sofrimento que estava a vir, mas acreditou na mudança das pessoas e na sua capacidade de conquistar, agora, mais uma vez quebrou a cara. Tudo voltou a fluir normalmente, pessoas com roupas coloridas, com movimento e eu com o mesmo tom que sempre tinha sido antes.
Decidi procurar pela pedra que passou tão despercebida por todos, mas não a encontrei, talvez até ela tivesse encontrado um amor ou uma paixão, ou até mesmo um amigo, que nesses e outros momentos são o nosso refúgio. Queria muito encontrá-la, levá-la comigo, mas assim como várias outras pequenas coisas, eu a perdi.
Estava saindo de lá então, o dia pra mim já não era mais o mesmo, um momento tão interessante tinha se tornado um desastre. Pensei em ir ver o sol, o ceu .. mas ao chegar lá fora, percebi que eu tinha um rosto amargo e triste, com olhos caídos, sem feições alegres. O dia estava cinza, não tinha mais sol e as flores estavam murchas.
Essa é a minha vida agora.

0 comentários:

Postar um comentário